Já parou para pensar que a diversidade dos índios do Brasil e dos seus sistemas, crenças e manifestações artísticas são essenciais para compreendermos a nossa história e cultura? Se for guiado por este viés perceberá o fascínio incitado por patrimônios culturais que fogem do trivial e da simples compreensão como as artes rupestres. Pintadas ou gravadas nas paredes rochosas, estas inscrições indígenas podem dar um ânimo especial para sua casa uma vez representadas em artes decorativas como vasinhos e pratos de cerâmica.
A beleza indescritível dos desenhos étnicos inspirados nesta arte indígena, cujos originais estão localizados em diferentes lugares do país - de norte a sul, do litoral à Amazônia -, somada ao estilo rústico da cerâmica com proposital pintura artística em tons terrosos nos leva ainda mais perto da esfera simbólica e ritualística das produções pré-históricas reais que unem a arte e a cultura imaterial dos povos indígenas do período Paleolítico.
Inscrições indígenas são patrimônios culturais que contam um pouco da história ancestral.
O termo arte rupestre é oriundo do latim ars rupes para designar a arte sobre rocha ou registro rupestre com desenhos antrópicos realizados nas superfícies rochosas de cavernas, grutas, lajedos e paredões. Estes patrimônios arqueológicos foram produzidos em todo o mundo utilizando diferentes métodos com duas categorias principais: gravuras (petróglifos) e pinturas (pictóglifos) em conjectura de 350 a 400 mil sítios que datam de 40 a 11 mil a.p..
No Brasil, os sítios de arte rupestre foram observados por missionários durante a colonização portuguesa, mas apenas no século XIX se tornou objeto de estudo arqueológico e na década de 70 ganhou notoriedade. A similaridade das características estilísticas e os aspectos do entorno tornou possível a categorização dos sítios arqueológicos em tradições como São Francisco, Planalto, Agreste, Nordeste, Litorânea, Meridional, Geométrica e Amazônica.
Arte rupestre vem do latim ars rupes para designar símbolos pré-históricos nas rochosas.
Ao explorar o estudo da tradição Amazônica em “Arte Rupestre na Amazônia: Pará” (2004), a arqueóloga paraense Edithe Pereira observa que a diversidade das culturas dos grupos étnicos refletem nas formas e significados da arte rupestre. A temática antropomórfica, por exemplo, é predominante entre as formas geométricas das gravuras e pinturas rupestres desta tradição, seja na representação da figura humana inteira ou destacando a cabeça para exprimir sentimentos de alegria, espanto ou tristeza.
Por outro lado, há a compreensão destas formas de escrita enquanto símbolos místicos, relacionados ao xamanismo (com a magia da caça, simulando nos desenhos a vitória dos índios ou a captura da essência dos animais para depois conquistá-los na materialidade) e às constelações. Para a arqueóloga, as manifestações simbólicas e artísticas da região unem dois níveis da cultura indígena: a dimensão material, evidenciada pelo domínio das técnicas, e a imaterial, representada pelas temáticas escolhidas que se relacionam com as narrativas míticas indígenas dos ancestrais das tradições Mundurucus.
A tradição Amazônica da arte rupestre é baseada em misticismos da etnia Mundurucus.
O entendimento de todos estes detalhes que compõem as influências de objetos decorativos para mesa e parede são de extrema importância para a percepção do valor cultural que possuem, para além da funcionalidade. Em cada peça feita a mão por artesãos do Pará há um conjunto de símbolos geometrizados inspirados nas pinturas e gravuras rupestres de sítios arqueológicos brasileiros como os da região amazônica em Monte Alegre.
O artesanato paraense se tornou um importante meio para motivar a preservação da arte rupestre através da valorização dos códigos ou ícones gráficos reproduzindo-os e se inspirando em seus motivos geométricos para estilizar vasos decorativos e pratos. Estas cerâmicas de Belém do Pará são guiadas tanto pelas pinturas rupestres quanto pela técnica de gravura profunda comuns nos mais de 100 sítios arqueológicos da Amazônia no Estado.
Valorizar as gravuras rupestres é uma maneira de inspirar a preservação dos sítios.
A própria cerâmica handmade traz esse apelo rústico encantador que é reforçado pelo tempo dedicado do artesão para cada peça ser única. A simplicidade dos formatos dos pratos decorativos e vasos de cerâmica os encaixam confortavelmente em diferentes estilos de ambientes e propósitos - de funcionais como aparelhos de jantar e decoração de mesa com flores a puramente decorativos como decoração de paredes e aparadores, respetivamente.
A essência étnica destas peças artesanais nos convida a olhar além dos grafismos para vislumbrar nos detalhes a beleza de nossa própria história e cultura. Outro aspecto relevante é o tamanho dos vasos que são reduzidos e favorecem a incorporação de mais elementos decorativos. Um conjunto de vasos pequenos, por exemplo, ainda que em diferentes configurações criam ritmo nos interiores deixando-os mais interessantes e exclusivos.
Vasinhos feitos a mão por artesãos de Belém do Pará evidenciam o valor da arte rupestre.
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Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia
1 comentário
Milene, bom dia!
Meu nome eh Isadora Siciliano, sou aluna da FAAP, São Paulo. Estou produzindo um documentário que possui uma sequência de arte rupestre. Achei o arte & sintonia fazendo a pesquisa e adorei as imagens do seu site. Seria possível utilizá-las em meu doc? Tanto a interface do site quanto as imagens dentro dele. Com devidos créditos, é claro! Caso queira entrar em contato comigo, meu WhatsApp é 11941163381 e meu e-mail é isadorasiciliano@gmail.com
Obrigada desde já!