A música faz parte de um conjunto de manifestações artísticas que compõem a cultura indonésia e a essência de Bali. O som se faz presente nas danças, teatros, orquestras e cerimônias celebrando as artes e as tradições culturais e religiosas da ilha. Os próprios instrumentos musicais são produzidos com viés artístico valorizado pelo processo manual, cujas pinturas coloridas personalizam as peças e dão novas significações, além do contexto musical.
Madeira, cabaça, coco e bambu são as principais matérias-primas dos instrumentos artesanais de sopro e de percussão desenvolvidos em Bali. Além potencializarem a sonoridade dão um estilo rústico as estruturas dos instrumentos que ora constituem o acabamento dando um tom especial à escultura em talha e ora são adornadas com cores através da arte abstrata ou figurativa com pontilhismo.
Já discorremos aqui a singularidade e a importância da orquestra de gamelão na Indonésia e o quão esta herança cultural é valorizada e representada em outras formas de arte como as para decoração de interiores. Agora apresentamos 10 instrumentos mais populares que não fazem, necessariamente, parte da cultura local tradicional de Bali, mas que são feitos e pintados a mão pelos artesãos balineses com o mesmo refinamento como se fossem.
1) Kalimba - Instrumento africano lamelofone
A magia da origem africana, especificamente da tradição Shona do Zimbábue, é sentida em cada nota do lamelofone, constituído com um conjunto de lâminas de metal ou lamelas, originalmente chamado Mbira. Categorizada como idiofone beliscado, posto que o som é produzido pelo corpo ao ser dedilhado, a Kalimba apresenta essência divina em virtude da utilização em rituais de adoração a espíritos ancestrais.
A sonoridade da Kalimba é tão delicada como sugere a pequena dimensão do instrumento musical. Enquanto as lamelas e a popularização como “piano de polegar” deixam a sugestão da forma em que é tocada, o corpo feito da casca de coco e a pintura artística com símbolos místicos como o gecko exibem particularidades da cultura de Bali que elevam o instrumento africano ao status de uma obra de arte para personalizar os mais diversos ambientes.
2) Petir - Instrumento musical com efeito sonoro de trovão
A singularidade do Petir (thunder tube) é tão grande quanto admirável a capacidade humana de criar um instrumento que reproduz um som tão único e potente como o trovão. Composto por um tubo de madeira e uma mola flexível entremeados por uma membrana, o “tambor trovão” produz um efeito sonoro de intensidade variável quando é continuamente sacudido ocasionando a vibração da mola que converte energia em som.
A pintura colorida em pontilhismo customiza a superfície do tambor de maneira original e enriquece a possível simplicidade do instrumento. A padrões tribais, desenhos abstratos e representações de animais do cotidiano balinês como lagartos e tartarugas são os principais temas da arte pictórica e dão toques especiais para decorações artesanais e exóticas.
3) Maracá - Instrumento indígena chocalho
Embora seja mais conhecido no contexto musical latino-americano e afro-cubano, este instrumento de percussão também é parte essencial de rituais indígenas e práticas de xamanismo. A origem indefinida, estimada entre os povos indígenas Mapuches (ou Araucanos) do Chile e os Tainos - índios nativos de Porto Rico - não minimiza a beleza, a magnitude e a propriedade ritualística dos chocalhos xamânicos denominados Maracás.
Este idiofone de agitamento feito de cabaça é um precioso instrumento de poder para limpeza energética. Através dele, os artesãos de Bali nos lembram que toda arte, seja visual, sonora ou ambas, como esta, tem poder de curar. Então, não tenha dúvida de que vale a pena tê-lo no ambiente para manter o corpo em equilíbrio com sua vibração rítmica.
4) Pandeirola - Pandeiro meia lua de percussão
O Pandeiro é um dos mais remotos instrumentos musicais de percussão e tem origem no Antigo Egito. Ele esteve presente em diversas civilizações antigas e na cultura aborígene com estruturas e finalidade variadas, sendo especialmente apreciado em danças, celebrações e contextos religiosos. Uma das versões mais charmosas deste instrumento, cujo som é produzido mediante as platinelas de metal (ou soalhas), é a Pandeirola ou “Meia Lua”, como é conhecida.
Além do som agradável, que é suave e floreado, a moldura de madeira rústica esculpida em formato ergonômico e semicircular - considerando a posição da mão - suscita personalidade para o instrumento artesanal. O difícil será mantê-lo na decoração o tempo todo, visto que será sempre impelido a tocá-lo, tamanha a beleza e excelência da combinação estilo e performance.
5) Pio - Apito indígena com som de pássaro cantando
O desejo profundamente humano de se comunicar com a natureza é a base deste apito indígena, originalmente utilizado em rituais. O som similar ao chilrear do Pio estabelece uma conexão entre nós e os pássaros, que nem o assobio poderia concretizar. A simplicidade, tanto da estrutura de bambu quanto da sonoridade produzida, torna este instrumento de sopro uma arte singular e poética.
Ela mostra que não são necessários muitos artifícios para estar em sintonia com a fauna, a flora e tudo o que é natural. Esse conceito também está presente na arte e cultura de Bali, que são representadas neste Pio na pintura artesanal - reverenciando a essência étnica aborígene. Uma peça diferente para decorar os espaços e ressignificar o olhar para o conceito de ancestralidade.
6) Tambor xamânico - Instrumento musical e ritualístico
Na cultura xamânica o Tambor de Quadro (frame drum) possibilita a indução a estados de transe durante rituais, estabelecendo uma conexão espiritual através do som cadenciado. Também chamado de Tambor Xamânico, em referência às práticas ritualísticas, ele configura um instrumento de percussão membranofone, cujo som é feito pela vibração da membrana que reveste o quadro de madeira.
A tradição de percussionar rituais com tambores, assim como com os chocalhos, configura um dos métodos xamânicos mais comuns de acessar o poder da energia vibracional. As batidas no tambor de quadro produzem um ritmo terapêutico que estabelece conexão com a ancestralidade e eleva a energia do ambiente promovendo fertilidade, cura e equilíbrio.
7) Djembê - Instrumento de percussão tambor africano
O fascínio provocado por este tambor africano é tão grandioso quanto seu valor na história da África Ocidental. Ainda que não haja um registro histórico definido, decorrente a tradição oral, duas origens são sugeridas para o Djembê: por meio da tribo africana Mandinka (atual Guiné e Mali) e a etnia Bambara (atual Mali). Neste último há a crença de que o antigo jebe barra (como o tambor era originalmente chamado) tinha propósito de unidade, visto que foi criado a partir do ditado “Anke dje, anke be.” que significa “Todos se reúnem em paz.”.
Tradicionalmente, o Djembê é um instrumento ritualístico, esculpido de maneira inteiriça com corpo em forma de cálice coberto com pele animal. E assim como o propósito, a fabricação do tambor também é um ritual espiritual, uma vez que há a convicção de que seja formado por três espíritos (da árvore que cedeu a madeira, do animal que cedeu a pele e do artesão que o fabricou). Por isso, tocar ou inserir esta arte africana na decoração promove a integração com o todo.
8) Flauta doce - Instrumento de sopro medieval
O instrumento de sopro mais antigo sempre tem espaço para dar aquele toque exclusivo no ambiente ou musicar os encontros mais especiais com a delicadeza do som que produz. A história da flauta tem início na China, 900 d.C., e foi disseminada na Europa durante a Idade Média, período que se popularizou. O design, assim como a maneira de tocá-la, floresceu no decorrer dos séculos e deu origem a diferentes variações como a Flauta Doce.
O som melodioso da Flauta de Bisel, outra denominação deste instrumento aplicada devido o formato superior de sua estrutura, formada por abertura de sopro, bico e janela. A beleza da sonoridade é coordenada com a arte sui generis dos artesãos indonésios que incorporam pinturas abstratas de infinitas cores.
9) Didgeridoo - Instrumento aborígene que evoca a ancestralidade
Estima-se que este instrumento aborígene australiano esteve presente em toda a história da cultura indígena, que tem aproximadamente 40 mil anos, associada à cosmovisão aborígene com a crença do Dreamtime (Tempo do Sonho). Segundo Bill Harney, no livro “Didgeridoo: Ritual Origins and Playing Techniques”, uma das crenças narra o encontro de três deuses com formas de pássaros (Giddabush, Butcher e Piwi) que tocavam o Didgeridoo para nomear todas as coisas do mundo.
Essa e outras histórias ancestrais promoveram a percepção do Didgeridoo como um instrumento sagrado fundamental na criação do mundo. O respeito à essa essência divina é mantido nas peças produzidas na Indonésia que podem ser encontradas em versões ainda mais originais como serpente e caracol (ou espiral) estilizadas com a técnica de pintura pontilhismo.
10) Flauta pan - Instrumento musical de sopro horizontal
Geralmente ligada à cultura andina, a Flauta Pan (Panpipe ou Syrinx) foi um instrumento de sopro muito utilizado pelos gregos antigos pastores há 3 mil anos Antes da Era Comum; sobretudo por ser relacionada a deus Pan, patrono dos pastores. De acordo com o folclore grego, Pan se apaixonou pela ninfa Syrinx, que fugiu e solicitou auxílio a Zeus. Ele a transformou em junco que logo foi quebrado por Pan em revolta. Ao se arrepender, Pan a juntou suas partes e a transformou em uma flauta.
Neste estilo de flauta transversal o bambu é a matéria-prima mais comum, reforçando seu aspecto artesanal. Com suporte, pode colorir a decoração de parede ou preencher pequenos espaços nos móveis como uma obra de arte valiosa que percorreu tempo e espaço.
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Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia