Partindo de blocos limpos de madeira de reflorestamento como teca, ébano e suar artesãos da Ilha de Bali utilizaram ferramentas muito simples e habilidades refinadas para entalhar ao longo dos séculos utilizando a escultura em madeira como principal veículo de expressão artística e espiritual da cultura indonésia; cuja conexão hindu-javanesa costura a origem das belas artes de Bali, previamente baseadas em propósitos ritualísticos integrando arte e religião.
A arte figurativa em madeira se desenvolveu em Bali por volta do século XII, sendo orientada pelas filosofias hindu e budista até os séculos XIII e XIV quando a província da Indonésia se tornou colônia de Majapahit e os artesãos do reino se expandiram pelo território - momento o qual a arte de Bali foi lapidada para alcançar diversidade de estilos sem se desconectar do propósito espiritual de cada escultura.
A escultura deixou o caráter religioso para assumir o conceito de arte no século XIII.
A invasão e colonização holandesa na Ilha de Bali no início do século XX afetaram consideravelmente a produção artística, cujas obras de arte foram introduzidas e disseminadas na Europa. Com a independência no final do século, a escultura balinesa passou por um processo de transformação e incorporou a arte biomórfica e o estilo contemporâneo de madeira entalhada, explorando crenças e o cotidiano balinês com figuras humanas ou animais realistas e estilizados, finamente artísticos.
Neste período a arte em madeira ganhou finalidade comercial e atraiu artistas ocidentais como Rudolf Bonnet e Walter Spies para a ilha, influenciando os estilos dos artesãos balineses e os auxiliando a aperfeiçoar as habilidades técnicas promovendo o renascimento da escultura e a evolução estilística dos artesanatos que deixaram de ser "arte para os deuses" para se tornarem "arte pela arte". Bali, Java Central, Madura, Sumatra e Papua se tornaram os principais centros de escultura em madeira da época.
A evolução estilística dos artesanatos de Bali transparecem nas esculturas de animais.
Para melhorar e manter a qualidade da arte balinesa, bem como promover a venda de obras fora de Bali, Bonnet, Spies e o artista balinês I Gusti Nyoman Lempad desenvolveram em 1934 uma associação de artistas de Bali, a Pita Maha, que foi abolida em 1942 devido a Segunda Guerra Mundial. Essa guilda de artes plásticas balinesas foi a propulsora do movimento de renovação na escultura de Bali.
Artistas como Ida Bagus Njana (Nyana), Ida Bagus Tilem, Doyotan, Sondoh, Ida Bagus Taman, Cokot, puderam brincar com as proporções, alongar ou encurtar a silhueta das esculturas que antes eram pintadas e passaram a assumir a beleza do tom natural da madeira. Esta, por sua vez, considerada um material nobre, passou a ser estudada para dar o brilho e a textura adequados ou acentuar os detalhes de cada tipo de escultura, realista e estilizada.
O movimento de renovação na arte favoreceu a exploração de novas proporções.
Os artistas Njana e Cokot foram alguns dos mais importantes, estendendo suas produções artísticas até as décadas de 60 e 70 - quando a escultura balinesa floresceu grandemente inspirada em suas obras de arte, marcadas pelas linhas simples e originais menos entalhadas para dar forma a animais decorativos como gatos, corujas, águias, cobras, lagartos, cavalos e elefantes caracterizados como pop art.
Ao promover o turismo em Bali durante esse período, o governo balinês incentivou a fabricação e comercialização de artes com finalidades decorativas no arquipélago, além dos tradicionais artesanatos para fins espirituais. Esse cenário favoreceu criativamente os artesãos que exploraram novos estilos e técnicas de escultura em madeira sem fugir da essência balinesa reconhecida em todo o mundo.
As esculturas adquiriram a finalidade decorativa transformando a arte de Bali.
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Namastê!
Milene Sousa - Arte & Sintonia